terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Gravatas e borboletas

por Marcelino Freire
Conhece Sidney Rocha? Ora. Faz tempo que ele existe. Desde que li, faz um tempo danado, a sua novela Calango-tango, eu sentia falta do texto dele. Do trinado, do ciscado. Da prece que ele faz. Do rebuliço de seus personagens. Seus parágrafos certeiros. Seu jeito de prosear. Poética, assim, medonha. Estética sem cerimônia. Sim, ele também lançou o romance Sofia. De repente, eis que ele volta, com este livro de contos curtos. E assustadores. Porque inovadores. Porque musicais, etc. e tais. E porque dificilmente existe autor como ele. Falando de certas mulheres. De certos recalques. Sem ser chato, entende? Sem querer ser o dono-da-cocada. O pior sujeito é aquele que se acha. Facilmente. Aquele que coloca borboleta na gravata para escrever. E não voa. Não sai da mesmice. Eta porra! Sidney tem o que eu aprecio em to-do coração arredio: a pulsação. A verdade. O senti-mento que está na linguagem. Nos sons que ele costura tão bem. Tão modernamente, saravá, amém!
Caro leitor, pode apostar: pegue este livro [Matriuska] na mão e veja se eu não tenho razão. Resumindo: são contos-cantos que vêm inovar e sacudir a prosa brasileira. E depois seguir por aí. Descendo e subindo a ladeira. Deixando seu sangue na gente. Assim, tão raro e para sempre!

Nenhum comentário:

Postar um comentário