Paula Dume
colaboração para a Livraria da Folha
"Matriuska" (Iluminuras, 2009), de Sidney Rocha, reúne 18 contos, um por dentro do outro. A referência às bonecas russas no título dá esse significado ao volume. Do amor violento à pedofilia, Rocha escreve sobre as mulheres e sobre o arquétipo feminino ligado à realidade brasileira. Estupro, violência e pedofilia estão calcados em uma história de amor profundo.
"É um livro de contos que se transforma em um romance ao final, porque essa estrutura é de amor. Em cada conto, há uma história de amor se processando. Os temas são realmente muito duros, mas não são temas que as pessoas estejam absolutamente desacostumadas, porque os encontraremos sempre nas notícias de jornal", disse o autor, em entrevista à Livraria da Folha.
Na Festa Literária do Recife (FreePorto), o lançamento do volume foi literal. "Literal no sentido da palavra", explica Rocha. Havia uma competição de escritores para arremessarem seus livros na rua. O escritor lançava literalmente seu próprio livro. Rocha arremessou "Matriuska" a 10m89cm e conquistou o primeiro lugar. "O mercado editorial vai pensar na aerodinâmica", brinca.
Escrito com letras minúsculas, o volume apresenta 18 contos sobre prostituição, miséria, aborto, ignorância e traição. Em todos eles há sempre uma mulher, protagonista ou vítima. Mulher e vida se diluem em esperanças liquidadas, com seus desejos e dores.
Participando pela primeira vez da Balada Literária de São Paulo, Rocha destacou que recebeu "alguns presentes", como a comoção silenciosa do mineiro Francisco Alvim ao falar de seus poetas preferidos, como Charles Baudelaire, e o silêncio que conseguiu promover na Biblioteca Alceu Amoroso Lima, no último sábado (21). Outra passagem marcante foi com João Gilberto Noll no domingo (22), "falando que sua literatura estava presa à poesia. Vi o olho do Alvim brilhar de novo e toda uma geração de literatura se encontrar naqueles olhares", destacou.
Além de escritor, Rocha edita para o Ministério da Educação (MEC) uma coleção sobre 60 educadores nacionais e internacionais, chamada "Educadores", com apoio da Unesco.
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